Capítulo 4

Era sexta à noite, Mauro e sua esposa estavam indo de carro ver alguns amigos, dentre os quais estariam Israel e sua esposa, e Juliana.
O encontro seria na pizzaria onde costumavam se reunir para comemorar alguma data especial, ou simplesmente compartilhar a companhia uns dos outros enquanto saboreavam o seu prato preferido, pizza.
Ao se aproximar da pizzaria Mauro entrou com o carro no estacionamento de clientes, mas logo na entrada eles se depararam com o guardador de carros que estava obstruindo a entrada. Então ele solicitou que tentassem estacionar na rua, pois todas as vagas ali já estavam ocupadas. Isto não agradou muito Mauro, mas como não havia outra opção eles seguiram pela rua até que acharam uma vaga junto à calçada, uns 70 metros após a pizzaria. Então estacionaram o carro e foram ao encontro dos amigos que já estavam aguardando dentro da pizzaria.
Ao entrarem viram que o local estava muito cheio e neste momento alguém veio os recepcionar e perguntou:
- Mesa para 2?
Mauro respondeu:
- Obrigado senhor, mas vamos nos encontrar com alguns amigos que já se encontram aqui.
Então começaram a procurar, e após dar uma olhada Mauro avistou a mão de Israel levantada tentando lhes avisar a sua localização, neste momento se dirigiram até a mesa, e após alguns cumprimentos se juntaram a eles.
- Puxa Mauro, eu já ia começar a comer o limão do refrigerante para tentar enganar a fome por causa da demora de vocês - Disse Israel em tom de brincadeira.
- Que bom então que chegamos a tempo de evitar uma tragédia.
- Como assim? Perguntou Israel.
- Ora, você poderia acabar caindo dentro do copo eu não estaria aqui para salvá-lo do afogamento.
Mauro disse isto porque tinha 1,78cm de altura enquanto Israel não passava de 1,65cm.
Em meio às risadas de todos Juliana perguntou:
- Vocês trouxeram a câmera para tirarmos nossas fotos de costume?
Neste momento Mauro parou de rir e colocou a mão na cabeça, e com a expressão de quem cometeu um grande erro respondeu:
- Puxa Juliana, me perdoe, mas na pressa de vir logo acabei esquecendo.
- E agora? Indagou Juliana.
- Não se preocupe, voltarei até nossa casa para pegar a câmera, afinal não podemos quebrar esta tradição milenar. Disse Mauro tentando fazer um pouco de graça para amenizar o seu erro.
- Eu vou com você, disse Israel, porque do jeito que anda sua memória é possível que ao chegar em casa você acabe esquecendo o que foi fazer lá.
- Pois é, vamos lá então amigo.
Então os dois levantaram-se e foram.
Já na calçada Israel perguntou onde Mauro havia deixado o carro, e Mauro respondeu:
- Tive de estacioná-lo na rua, pois o estacionamento da pizzaria já estava lotado.
- Bom, pela hora que você chegou já deveria saber que não haveria mais vaga no estacionamento.
- Não se preocupe Israel, o carro está no máximo a um dia e meio de caminhada daqui.
Então Israel deu um pequeno sorriso e seguiram na direção do carro.
O local onde Mauro havia deixado o carro estava um pouco escuro porque a lâmpada do poste mais próximo estava queimada.
Os dois chegaram lá e se posicionaram em frente às portas.
Então Mauro abriu a sua porta, e a trava elétrica tratou de liberar também a porta onde Israel aguardava para entrar, e ambos entraram no carro.
Então, quando Mauro colocou a chave na ignição e se preparou para dar a partida apareceram dois homens armados que se posicionaram um em cada lado do carro, e um deles falou:
- É um assalto, saiam do carro e vão para o banco traseiro, fiquem com as cabeças baixas e não olhem para nós, senão eu estouro a cabeça de vocês.
Então Mauro e Israel passaram para o banco de traz enquanto os dois homens sentaram no banco da frente.
Enquanto um deles dirigia o carro o outro permanecia virado para traz apontando a arma.
Na pizzaria, enquanto todos estavam conversando e aguardando o retorno de Mauro e Israel Juliana levantou-se e avisou que iria ao banheiro.
No caminho de repente ela teve uma visão, foi como um flash rápido. Então seu coração se encheu de angústia e ela pegou rapidamente o celular dentro da bolsa, acessou a agenda e ligou para Israel.
Neste momento Israel sentiu a vibração do celular em seu bolso, por sorte o aparelho não emitiu nenhum som por que estava em modo silencioso.
O telefone de Juliana chamou até cair a ligação. Então após ir ao banheiro ela voltou para a mesa, porém não falou nada para os demais para não deixá-los nervosos, afinal aquilo poderia ser somente coisa da sua mente.
Mauro e Israel estavam nervosos, mas eles sabiam que suas vidas estavam nas mãos de Deus, e isto era o que lhes confortava um pouco o coração.
O motorista conduzia o carro em velocidade acentuada e logo chegaram a uma área afastada da cidade onde havia uma pequena mata, então pararam onde havia uma clareira.
O motorista desceu rapidamente do carro, enquanto seu companheiro mandou que Mauro e Israel também descessem e frisou novamente que não olhassem para o rosto deles.
Então mandaram que eles se ajoelhassem e colocassem as mãos na cabeça.
A situação ficava cada vez mais tensa e enquanto eles permaneciam ali ajoelhados os bandidos dialogavam para decidir qual seria o próximo passo.
Então Israel levantou levemente sua cabeça para tentar ver o que estava acontecendo no diálogo entre os dois homens, achando que eles não iriam notar, mas um deles percebeu o que Israel havia feito e enfurecido apontou a arma para a cabeça dele e disse num tom de raiva:
- Eu falei para não olharem para nós, agora teremos de matá-los.
Israel então abaixou a cabeça novamente, apavorado, e os dois homens engatilharam as suas armas e apontaram para as cabeças de Mauro e Israel, intentando dar cabo de suas vidas.
Quando Mauro percebeu o que os bandidos estavam prestes a fazer, ele orou a Deus em sua mente:
- Senhor, eu suplico que faça alguma coisa, não permita que venhamos a morrer.
Logo após estas palavras Mauro se lembrou do episódio do supermercado onde ele evitou que aquele objeto se quebrasse parando-o em pleno ar. Então ele tirou sua mão direita da cabeça e esticou o braço para frente com a palma da mão aberta, como que se quisesse proteger-se da bala.
Os dois homens posicionaram seus dedos indicadores nos gatilhos de suas armas.
Mauro levantou a cabeça, pressionou seus lábios um contra o outro, e olhando fixamente para o rosto de seus executores fez um movimento circular rápido, de forma que a palma da mão ficou virada para cima.
Então as duas armas foram arrancadas bruscamente das mãos daqueles homens e arremessadas para longe.
Novamente, com outro gesto de sua mão os bandidos foram arremessados para traz com grande força, de forma que bateram suas cabeças nas árvores que estavam há uns 10 metros atrás deles, e caíram inconscientes no chão.
Então Mauro vendo que aquele era o momento para tentar uma fuga, tocou o ombro de Israel para que ele levantasse sua cabeça e tomasse conhecimento da situação.
Ao levantar a cabeça Israel viu os dois homens caídos alguns metros a sua frente, e ficou sem entender o que havia acontecido. Mauro neste momento já estava em pé e puxou Israel, então ambos correram para o carro para sair dali o mais rápido possível.
Minutos após já estarem rodando Israel perguntou:
- Mauro o que houve?
- Não sei Israel.
- Você não viu como aqueles homens foram parar inconscientes no chão a nossa frente?
- Israel, na verdade eu vi, mas não sei como explicar.
- Mas tente, por favor.
- Não sei por onde começar.
- Comece pelo início Mauro, pelo amor de Deus homem, me conte logo o que você viu, quem ou o que fez aquilo?
- Não sei se você vai acreditar em mim Israel.
- Prometo que vou Mauro.
- Bem, você lembra quando lhe contei do que aconteceu no supermercado dias atrás?
- Você está falando sobre aquela história maluca onde você segurou um objeto no ar sem usar as mãos?
- Isso.
- O que tem isto haver com o que aconteceu hoje Mauro?
- Bem, aconteceu novamente.
- Como assim?
- Aconteceu novamente Israel.
- Aconteceu o que Mauro?
- Quando os bandidos apontaram as armas para nós eu logo ouvi o clique delas sendo engatilhadas. Então clamei a Deus que nos livrasse da morte. Aí veio em minha mente o que aconteceu aquele dia no supermercado, foi como um filme passando na minha mente, como se o Espírito de Deus tivesse me feito lembrar, e logo após isto eu simplesmente sabia o que deveria fazer. Então estiquei meu braço direito e com um movimento da mão arranquei as armas deles, e logo após, com outro gesto os arremessei contra aquelas árvores, então eles bateram a cabeça e caíram desmaiados.
- Mauro, você quer que eu acredite nesta história esquisita?
- Israel, eu não mentiria para você, como também não o fiz sobre a história do supermercado. Eu estou tão confuso como você, mas esta é a única verdade que tenho para lhe dizer.
- Israel calou-se e ficou pensativo por algum tempo, e depois perguntou:
- E o que faremos agora?
- Bem, vamos até a minha casa, pegamos a câmera, voltamos à pizzaria como se nada tivesse acontecido. Se perguntarem por que demoramos, diremos que tivemos algumas dificuldades para pegar a máquina, o que não será mentira concorda?
- Certamente não, mas quanto aos bandidos que ficaram na mata, temos de ligar para a polícia não acha?
- E diríamos o que Israel? Que tentaram nos matar e eu desarmei os bandidos e os arremessei longe com a força do pensamento?
- Olha Israel, se quiser liga você e eu prometo que te levo chocolates no hospício, pois vão pensar que você está louco.
- Você tem razão. E... Mauro.
- O que foi Israel?
- Obrigado pelos chocolates.
- Não tem de quê amigão.
Então Mauro e Israel voltaram para a pizzaria e tentaram agir da forma mais natural possível para que ninguém desconfiasse de nada.


Continua...

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