Capítulo 3

Um carro azul escuro entrou no estacionamento do shopping center e dirigiu-se ao pavimento inferior. Suas rodas eram grandes e brilhantes, assim como as maçanetas das portas. Os vidros eram escuros de forma que não se conseguia ver quem estava em seu interior.
Ele percorreu as ruas do estacionamento como se estivesse procurando algo em meio aos intermináveis pilares de concreto. Eram 9 horas da noite e quase todas as vagas estavam ocupadas.
Então o carro dirigiu-se até local onde havia uma pessoa que parecia estar a sua espera, diminuiu a velocidade até parar completamente, de forma que a porta ficou posicionada em frente à pessoa, que abriu porta e entrou.
- Boa noite Heloísa, disse o motorista do carro.
- Olá Arnson, porque você demorou tanto?
- Me perdoe, mas o trânsito está cada vez mais difícil, ainda mais numa sexta-feira à noite quando todos resolvem sair.
- Mas fale-me, como vão as coisas na loja Heloísa?
- Tudo está bem, nossa nova funcionária se entrosou facilmente com os demais colegas e tudo está ocorrendo conforme planejado.
- Excelente notícia Heloísa.
- Mas Arnson, há uma coisa que eu preciso lhe falar.
- Fale!
- Eu sinto algo estranho em relação a esta nova moça.
- Como assim?
- Não sei Arnson, ela parece inofensiva, mas sinto como se houvesse algo mais a respeito dela que poderia ser ruim para nós.
- Do que você está falando Heloísa?
- É um pressentimento estranho, acho melhor termos cautela, ou talvez, até mesmo procurar outra pessoa.
- Não Heloísa, nós temos um plano a executar e faremos conforme planejado, afinal, você não iria querer desobedecer nossas ordens não é?
- Não, de forma alguma Arnson.
Eles continuaram conversando assuntos diversos ao longo do caminho até que pararam em frente a uma residência. Ela tinha um enorme portão de ferro com aproximadamente 3 metros de altura e estava situada em um bairro nobre. Uma câmera posicionada no lado superior direito do portão tratou de avisar a chegada deles, então o grande portão abriu-se liberando sua entrada.
Ao passar pelo portão o carro seguiu por uma pequena estrada que cortava um jardim, até que parou em frente à porta principal.
Já no interior da casa Arnson e Heloísa caminharam por um corredor no qual havia uma porta semi-aberta no final. Ao chegar lá Arnson empurrou a porta e ao entrarem sua presença foi notada pelos presentes que estavam sentados em volta de uma mesa redonda, umas dez pessoas aproximadamente, entre homens e mulheres. Arnson e Heloísa dirigiram-se a duas cadeiras vazias. Havia em cada uma delas uma capa que eles trataram de vestir. As capas eram longas e de cor negra, e eram presas junto ao peito por um broche de cerca de 10 cm. O broche era circular de cor prateada, e em seu interior havia uma estrela de cinco pontas.
No chão da sala havia uma pintura exatamente igual ao formato do broche. Ela era grande de forma que todos ficavam dentro. 
Na mesa havia 13 cadeiras sendo que apenas 12 encontravam–se ocupadas.
Então todos se levantaram e se posicionaram atrás de suas cadeiras, assim como já estavam Arnson e Heloísa.
A sala estava iluminada com uma luz fraca que permitia somente que eles enxergassem o vulto uns dos outros.
Arnson começou a pronunciar algumas palavras rituais numa língua que se parecia um pouco com latim, e todos começaram a acompanhá-lo de forma que suas vozes passaram a ser ouvidas em uníssono.
Todos permaneceram por alguns minutos repetindo aquelas palavras continuamente.
De repente uma fumaça começou a tomar conta do ambiente, ela era cinzenta e contribuía para que a luminosidade do lugar se tornasse mais tênue. Neste momento as vozes começaram a aumentar seu volume.
Então um tremor foi sentido na sala de forma que a mesa e as cadeiras deslocaram-se levemente, e a fumaça aumentou até que não foi mais possível ver nada.
De repente o tremor parou e a fumaça começou a se dissipar. As vozes começaram a diminuir de volume até se extinguirem totalmente.
Neste momento foi possível notar que o décimo terceiro lugar da mesa, antes desocupado, já não se encontrava mais vazio, agora havia ali um homem de aproximadamente 1 metro e 90 centímetros de altura, vestido com terno e sapatos pretos. Em sua cabeça havia um chapéu preto de abas medianas, que encobria parcialmente o seu rosto com sua sombra.
Então todos se posicionaram de frente para o homem e curvaram-se em posição de reverência, mantendo seus olhos olhando para o chão, e assim permaneceram por alguns segundos. O homem então pronunciou algumas palavras não inteligíveis e logo após todos se levantaram e tomaram seus assentos, menos Arnson que permaneceu em pé e pronunciou as seguintes palavras:
- Mestre, sua presença muito nos alegra. Estamos ávidos por ouvir o que tem para nos dizer.
- Sente-se Arnson, pronunciou o recém chegado, e continuou.
- Estou aqui esta noite para lhes dizer que estamos entrando numa nova era de grandes mudanças, o plano que temos arquitetado por centenas de anos finalmente terá inicio em breve.
Porém todos sabem que existe um entrave para nosso sucesso, e está na hora desta oposição ser aniquilada completamente, de uma vez por todas. Vocês são peças chave para que isto aconteça. Mesmo que em todo este tempo eles não tenham oferecido grande problema para nós, existem focos isolados de resistência os quais precisamos atacar, e para isto usaremos toda nossa astúcia e poder.
Então precisamos nos infiltrar em seu meio e fazer com que creiam que somos como eles, para que assim possamos difamar seus líderes e espalhá-los, para que sozinhos não sejam mais uma ameaça para nós. Conto com vocês para execução desta tarefa e com a liderança de Arnson para comandar as ações que deverão ser feitas.
- Mestre – disse Arnson – nós estamos honrados por participar desta ação e faremos o possível para que tenhamos o êxito desejado.
Neste momento todos fecharam os olhos e começaram pronunciar aquelas palavras estranhas novamente, então por mais uma vez a sala foi tomada pela fumaça que durou alguns minutos. Logo após todos pararam de falar e abriram os olhos, e o homem não se encontrava mais entre eles.


Continua...

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