Capítulo 5



Na noite anterior quando estavam na pizzaria, Mauro e Israel haviam combinado que iriam encontrar-se no dia seguinte em uma lanchonete. Mauro já estava lá à espera de Israel que acabara de chegar, então ambos se cumprimentaram e Israel sentou-se.
- Como foi sua noite Israel?
- Não foi, não dormi um minuto sequer, fiquei a noite toda pensando no que ocorreu conosco ontem à noite.
- Eu também tive dificuldades para dormir.
- Mauro, eu preciso lhe pedir um coisa.
- O que Israel?
- Eu preciso ver você fazer “aquilo”.
- Mas...eu não sei se consigo fazer novamente.
- Então vamos descobrir juntos.
- Mas você quer que eu faça aqui mesmo?
- Sim, por que não? Aqui onde estamos ninguém irá nos ver.
Então Mauro pegou um frasco de mostarda que estava sobre a mesa, posicionou-o na sua frente e fixou o olhar nele. Alguns segundos se passaram mas o frasco continuava exatamente onde fora colocado.
- Estranho Israel, eu estou desejando que o objeto se mova, mas nada acontece.
- Tente mais uma vez por favor.
Então Mauro se concentrou novamente no objeto por mais alguns segundos, mas ainda assim o objeto não se moveu um milímetro sequer, e desapontado ele falou:
- Sei lá Israel, talvez eu só consiga fazer isto em situações extremas.
- Puxa Mauro, passei a noite em claro com mil coisas passando pela minha mente, coisas que me deixaram assustado e confuso. Eu juro que estou tentado acreditar em você, mas está difícil, é tudo muito surreal. Eu sei que ontem à noite fomos salvos milagrosamente da morte, mas preciso ver para crer que foi você. Por favor não me leve a mal meu amigo.
- Está tudo bem Israel, eu entendo você.
- Mauro, se você já fez isto duas vezes então deve haver algo que não está fazendo desta vez, sei lá, um gesto ou algo parecido, tente lembrar os detalhes.
Então as cenas passaram na mente de Mauros como flashes, e de repente...
- Há uma coisa que eu ainda não fiz Israel, vou tentar mais uma vez.
Então Mauro posicionou sua mão direita em forma de meia lua perto do frasco, como se fosse pegá-lo, e novamente se concentrou no objeto, e desta vez o objeto se moveu até ir parar no meio da sua mão.
Então Mauro olhou para Israel com um olhar de espanto e fascinação ao mesmo tempo.
Israel ficou mudo por um tempo, mas depois falou:
- Mauro, me perdoe por ter duvidado.
- Não precisa se justificar meu amigo, acho que eu também teria agido como você, para mim também é difícil de assimilar.
- Bem Mauro, agora eu tenho algo para te contar.
- Ontem à noite, quando estávamos sendo levados pelos bandidos, meu celular tocou, mas não fez barulho, pois estava em modo silencioso. Depois que fugimos e chegamos de volta à pizzaria eu olhei para ver quem tinha ligado, e vi que havia sido a Juliana. Então quando estávamos saindo da pizzaria eu chamei ela a parte e perguntei por que ela havia me ligado. Ela disse que não era nada que eu devesse dar importância, mas eu insisti dizendo que gostaria de saber o motivo. Então, meio   contrariada ela me contou que teve uma visão, e nesta visão nós estávamos em perigo. Mas como nós voltamos e tudo parecia bem, ela achou que fosse só coisa de sua cabeça. Eu fiquei intrigado com aquilo, mas fiz uma brincadeira pra tentar disfarçar e fomos embora.
- Puxa Israel, será que a Juliana também tem algum dom?
- Bom Mauro, depois do que eu vi hoje já estou até considerando esta hipótese como possível.
- E você tem alguma idéia do que podemos fazer para descobrir isto Israel?
- Eu não sei meu amigo, mas vamos pensar numa forma de descobrir.


                            - || -

O telefone celular de Heloísa tocou e ela atendeu:
- Alô.
- Alô Heloísa, sou eu, Arnson.
- Oi Arnson, fale.
- Tenho um assunto muito importante para tratar com você, preciso encontrá-la agora, seria possível?
- Agora!? Bem, estou no horário de almoço, me pegue no lugar de sempre no estacionamento do shopping e podemos conversar um pouco.
- OK, em 10 minutos te pego lá.
Arnson pegou Heloísa e se dirigiu a um parque onde estacionou o carro embaixo de uma árvore.
- Bem Arnson, o que você tem de tão importante para falar, desembucha logo que a curiosidade está me matando.
- Bem, a notícia que tenho a dizer é delicada. Um de nossos dominadores estava ontem a noite influenciando uns assaltantes que raptaram dois homens e os levaram para um bosque afastado para roubar seus pertences e o carro. Chegando no bosque eles colocaram os dois de joelho e ordenaram que não olhassem para os seus rostos, caso contrário iriam matá-los, mas um deles não se conteve e olhou para o rosto do assaltante. Então os bandidos ficaram furiosos e um deles apontou a arma, ele ia matar os dois homens quando um deles simplesmente estendeu a mão e arremessou os dois assaltantes longe, então eles bateram a cabeça numa árvore e caíram no chão desacordados. Então os dois homens que foram sequestrados trataram de fugir dali.
- E o dominador descreveu como eram estes homens que foram raptados? Digo, não poderia ser algum aliado nosso?
- Bem, o dominador me disse uma coisa alarmante Heloísa, que os dois homens tinham o selo.
- Não pode ser Arnson, somente cristãos tem o selo.
- Exatamente Heloísa, eram dois cristãos, agora não me pergunte de onde saiu um cristão com esta habilidade que eu não faço a mínima ideia. Pois os únicos relatos de pessoas da luz com habilidades como estas datam dos tempos bíblicos, Sansão que tinha uma força descomunal, Elias que fazia sinais, mas te confesso que a habilidade deste homem está num nível que nunca havia sido visto antes.
- Bem Arnson, e o que iremos fazer a respeito disto?
- Eu pedi para o dominador vigiar o tal homem até a nossa reunião com o mestre, então decidiremos o que fazer.

Comentários

Postagens mais visitadas